Programa “O Evangelho e um Café, por favor!”

Muito bem-vindo ao programa “O Evangelho e um Café, por favor!”. Um projeto que busca estimular uma relação saudável e contínua com o Evangelho, não somente com o texto, mas sobre como o texto nos afeta no cotidiano.

Como nasceu a ideia do programa “O Evangelho e um Café, por favor!”

Me chamo Uriel Marques, sou o idealizador e facilitador do programa “O Evangelho e um café, por favor!” e sempre tive muita dificuldade com a Bíblia; diria que essa dificuldade, inclusive, é bastante comum entre os Espíritas que eu conheço.

Até que conheci um cara chamado Haroldo Dutra Dias em 2016 através do podcast PodSer. Em seus estudos e palestras ele trazia, e ainda traz, uma conexão que eu nunca tinha visto entre o Espiritismo e o Evangelho, mesmo sendo “O Evangelho Segundo o Espiritismo” uma das obras básicas da doutrina. Percebi nesse movimento que essa conexão sempre existiu mas o meu olhar é que precisava de alguns ajustes.

A partir daí comecei a assistir também às suas palestras e estudos do Antigo Testamento pelo Youtube. A partir de citações que o Haroldo fazia e de sua participação como convidada em alguns episódios do PodSer, conheci a Ir. Aíla Pinheiro. Freira católica, Doutora em Teologia e que também traz um mundo de conhecimento bíblico e que, além disso, já esteve em vários centros espíritas apresentando reflexões sobre o evangelho e em outros contextos do diálogo inter-religioso.

Essa era uma experiência totalmente nova pra mim. Ainda que eu estivesse em uma família sempre aberta e que inclusive estimulava o olhar para várias outras culturas religiosas, eu segui meu caminho de estudos e práticas dentro da Doutrina Espírita.Tive durante a infância, paralela à frequência à evangelização infantil no Centro Espirita, uma vivência por muito anos na Umbanda. Optei pelo Espiritismo pela própria experiência familiar e porque sempre encontrei nela bastante reflexão e conhecimento, mas dentro de mim, parecia que faltava algo.

Essa percepção de que faltava alguma coisa além veio de algumas experiências e muitas e muitas horas de conversa com várias pessoas. Primeiro com minha esposa Daniele Souza, que passou por vivências pessoais e familiares tanto na Igreja Evangélica quanto na Católica, e depois com grandes amigos Evangélicos, em especial o Maestro Elias Neves, ministro de louvor em sua igreja, a Comunhão Cristã, e sua esposa Karla, e o Pastor Charles Back, da Igreja Pentecostal Unida do Brasil (IPUB), e sua esposa Angélica Back, ambas em Curitiba/PR, além do Pastor Beto Zoellner e o Adriano San, ambos da Igreja Vineyard, em São José dos Pinhais/PR.

Eu percebi que eles me apresentavam em seus próprios atos cotidianos e na forma de lidar com experiências dolorosas uma vivência religiosa que eu não conseguia perceber e ter na minha vivência espírita, mesmo com todo conhecimento que acumulei em todos esses anos. Foi quando me dei conta de algo que é muito comum entre os que buscam o conhecimento pelo conhecimento: uma certa arrogância diante das outras escolas religiosas por estar dentro de um doutrina nova que desata alguns “nós” existentes nessas outras escolas.

A grande virada

A reflexão foi: de que vale eu saber tanto sobre o que a doutrina espírita apresenta e avançar no conhecimento sobre o princípio espiritual e seus mecanismos de interação com a matéria se eu não dou conta de ter um relacionamento com Deus e com Jesus simples, honesto e, porque não, de submissão no sentido de uma criança que ainda aprende os primeiros passos na direção de um Pai amoroso, justo e bom? Essa experiência que esses meus amigos de outras linhas religiosas me mostram? Digo pra você: essa pergunta tem transformado a minha vida completamente!

Como foram mais ou menos 35/36 anos acumulando o conhecimento e experiências Espíritas comecei a adicionar ao meu tempo de estudos também a minha busca por essa resposta.

Além de manter e ampliar as conversas com meus amigos evangélicos, comecei a consumir podcasts sobre Teologia, Católica e Protestante, vídeos, pesquisar músicas gospel, participar de cultos ou missas nas outras igrejas quando é possível, enfim, abri minha cabeça e tento abrir meu coração para compreender melhor essa experiência que já é prática essencial nessas outras escolas Cristãs: a entrega integral à condução Divina.

O espiritismo nos apresenta um Deus muito além de tudo, e quando digo tudo, é tudo mesmo. Então, quanto mais eu me aprofundo nessas experiências nas outras linhas religiosas, mais eu consigo perceber esse Deus em tudo. Todas as experiências sendo aproveitadas para o benefício de todos os grupos, seja de qual comunidade for.

A força dessa percepção, que está sempre em movimento e se aperfeiçoando, trouxe uma luz diferente e muito mais brilhante quando eu volto pros estudos Espíritas porque nesse conjunto de experiências eu comecei finalmente a compreender algo que eu acho que não tinha entendido corretamente antes, e é um termo muito utilizado no meio Cristão: propósito! Conectei em mim o propósito para todo esse conhecimento que o Espiritismo nós traz.

Confesso que explico isso até um pouco envergonhado, pois isso sempre esteve, de forma até muito clara, na estrutura da Doutrina Espírita. Quem não via era eu! Precisei dar toda essa volta para olhar para os mesmos textos de forma diferente e muito, mas muito mais poderosa pra mim.

Um nova relação com o Evangelho

Um dos pontos que me encantaram nesse processo é que se tivermos as “chaves” corretas podemos ver que a Bíblia, como um conjunto de livros que nos conta a nossa história no relacionamento com um Deus único e todos os desafios que vivemos nesse processo, já nos traz tudo do que precisamos. Claro que para alguns, como eu, precisamos adicionar a Doutrina Espírita nessa chave para poder alcançar algumas camadas a mais. Mas o que percebi é que isso é uma opção de quem precisa dessas camadas, pois há aqueles que não precisam delas e que já buscam oferecer seu melhor para a vida e para os outros seguindo da melhor forma possível o que o Evangelho ensina.

Decidi então abrir um grupo de estudo bíblico para compartilhar tudo isso que tem me feito muito bem. Não para falar sobre mim ou eu ensinar nada, mas para que possamos juntos, sendo Espírita ou não, encontrar um relacionamento com esses conteúdos que falam com cada um de nós individualmente. Tentar aproximar mais o coração nesse relacionamento e menos o intelecto, o que é o caminho mais comum com tantas definições teológicas possíveis. Um Evangelho simples e como ele me atinge ou atinge você, de forma leve e até descontraída, para nos ajudar a trazer pra nossa vida o hábito de buscar e refletir sobre esses textos tão importantes.

E claro que nesse grupo abrimos também para qualquer pessoa de outras escolas religiosas que queira sentar, tomar um café e compartilhar. Mesmo que apresentemos percepções controversas, o objetivo é o compartilhamento, pois estamos todos caminhando na mesma direção!

Desde a reflexão sobre o texto bíblico quanto o diálogo inter-religioso, eu só posso agradecer a Deus por me permitir ter acesso a esse mundo de conhecimento e experiências que, no final, só mostra que Ele está em absolutamente todos os lugares.